A junta militar de Mianmar, país no sul asiático, executou quatro ativistas pró-democracia, por acusações de terrorismo, segundo informou a mídia estatal, nesta segunda-feira, 25.
O ativista veterano Kyaw Min Yu, mais conhecido como Ko Jimmy, e o ex-legislador da Liga Nacional para a Democracia Phyo Zayar Thaw foram executados, junto com Hla Myo Aung e Aung Thura Zaw.
As mortes marcam as primeiras execuções judiciais no país em décadas. Ko Jimmy e Phyo Zayar Thaw foram acusados pelos militares de estar “envolvidos em atos terroristas, como explosões e mortes de civis”, disse o porta-voz da junta, Zaw Min Tun, à CNN. Eles foram condenados à morte em janeiro de 2022.
Casos civis são julgados em tribunais militares com procedimentos fechados ao público desde que os militares tomaram o poder, em fevereiro de 2021, derrubando o governo eleito e revertendo quase uma década de tentativas de reformas democráticas. Em pouco mais de um ano, 114 pessoas foram condenadas à morte em Mianmar, de acordo com a organização Human Rights Watch.
Grupos de direitos humanos afirmam que esses tribunais militares secretos negam a chance de um julgamento justo e são projetados para condenações rápidas, independentemente das evidências.
O relator especial das Nações Unidas sobre a situação dos direitos humanos em Mianmar, Tom Andrews, disse em comunicado que estava “indignado e devastado” pelas execuções.
“Meu coração está com suas famílias, amigos e entes queridos, e, de fato, todo o povo de Mianmar, que é vítima das atrocidades crescentes da junta”, escreveu Andrews. “Esses indivíduos foram julgados, condenados e sentenciados por um tribunal militar sem direito de apelação e supostamente sem advogado, em violação da lei internacional de direitos humanos.”