A chegada do esquerdista Gustavo Petro ao poder pela primeira vez na história da Colômbia causa temor e inquietação nas Forças Armadas. É o que pensa José Luis Esparza, coronel reformado e um dos mais importantes da Operação Jaque.
Em fevereiro de 2012, Esparza e seus colegas resgataram, entre outros reféns das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Ingrid Betancourt, que, neste ano, o convidou para ser seu companheiro de chapa presidencial.
Esparza teme que Gustavo Petro cause divisões entre os militares, que, a partir de agora, o terão como comandante. Petro pertenceu a um movimento guerrilheiro.
“As tentativas de politizar as Forças Armadas nunca dão certo, temos uma disciplina e uma tradição civilista”, disse Esparza, em entrevista publicada pelo jornal O Globo nesta segunda-feira, 8. “Isso deve ficar claro. Fui criticado por dizer que, se a situação se deteriorar, os militares poderiam reagir. Mas não vejo por que tanta crítica, as Forças Armadas são o árbitro da democracia.”
A Colômbia não tem tradição de golpes militares, mas, entre membros ativos e reformados das Forças Armadas, um dos exemplos que costumam ser comentados é o do ex-presidente da Bolívia Evo Morales, que renunciou em novembro de 2019 sob forte pressão das forças policiais e militares.
“Petro tem um discurso de luta de classes e pode tentar usá-lo para dividir as Forças”, afirmou Esparza. “Se isso acontecer, haverá tensão, frisa o coronel.”