A história não contada sobre a mãe de Leonardo da Vinci
Caterina, a mãe do artista Leonardo da Vinci (1452-1519), pode ter sido sequestrada em Caucásio, na Ásia Central, e escravizada. As suspeitas foram levantadas pelo historiador Carlo Vecce.
O romance O Sorriso de Caterina, escrito pelo historiador, baseia-se em um documento recém-descoberto nos Arquivos do Estado de Florença, escrito à mão pelo pai de Leonardo da Vinci.
Datado de 1452, o documento redigido seis meses depois do nascimento de da Vinci registra a emancipação de uma mulher escravizada chamada Caterina (o mesmo nome de sua mãe).
As evidências de que o texto se refere à mãe de da Vinci são reforçadas por outros papeis que traçam uma cadeia de propriedade e familiaridade com Caterina, todos ligados ao pai do pintor.
Suspeita-se que o pai de Leonardo se casou com uma jovem florentina e, um ano após o nascimento de Leonardo, Piero da Vinci arranjou um casamento entre Caterina e um fazendeiro que vivia nos arredores de Vinci. Caterina teve quatro filhas e outro filho. Pode-se dizer que o nascimento de Leonardo funcionou a seu favor – e do mundo.
O autor Walter Isaacson abre a biografia do artista observando: “Leonardo da Vinci teve a sorte de nascer fora do casamento”, escreve Isaacson. “Caso contrário, seria esperado que ele se tornasse um notário, como os filhos legítimos primogênitos de sua família que remontam pelo menos cinco gerações”.
O professor Vecce disse que decidiu por uma abordagem literária para divulgar sua descoberta porque esperava alcançar um público mais amplo, embora um artigo acadêmico esteja em andamento. O historiador disse que ficou comovido com a história de Caterina, já que reflete o sofrimento de muitos refugiados modernos.
“Senti a urgência de contar a história de uma maneira diferente”, disse o professor.
“Eu o definiria como um docuficção”, disse Paolo Galluzzi, especialista em Leonardo da Vinci e ex-diretor do Museu Galileo em Florença. “É preciso um oxímoro para explicar este livro porque é uma combinação de dois gêneros tradicionalmente distintos”. A documentação reunida pelo professor Vecce é um caso convincente, disse Galluzzi, mesmo que seja “uma hipótese” destinada a “estimular o debate”.