Humanos vampirizam a água do planeta?
Mais uma vez, a Organização das Nações Unidas (ONU) presta o seu tradicional desserviço à humanidade ao criar um alarmismo que envolve problemas reais e seculares, misturados com seus embaralhamentos que juntam política, métodos de controle e fraca ciência. Desta vez, o item a ser elencado foi a água. Assim, em 22 de março de 2023 foi aberta uma conferência mundial sobre o tema, aos moldes da velha fórmula político-científica, em que se misturam dados e fatos históricos. É uma retórica muito bem elaborada, cujo propósito será emplacar o problema dentro da Agenda 2030 — A Agenda do Controle Mundial.
Com o objetivo de causar pânico e terror, António Guterres, atual secretário-geral da ONU, lançou mais uma de suas pérolas. E demonstrou o seu total despreparo, tendo em vista que não é capaz de trazer qualquer raciocínio lógico sobre o que fala. Ele apenas repete um discurso de derrota, com alarde injustificável, típico dos que sempre lançam novos catalisadores em velhos problemas já enfrentados pela humanidade há séculos. Ao invés de expressar otimismo, que é o que se esperaria de alguém em sua posição, Guterres prefere adotar o discurso derrotista do pânico — elaborado para colocar a humanidade como culpada de sua própria mazela. Desconsidera aspectos físicos e geográficos do planeta, colocando todas as regiões na mesma situação comum, inclusive nivelando por baixo.
Guterres disse que a água está a ser drenada por um “consumo excessivo, vampírico e insustentável”. Alertou também para os riscos de os recursos escassearem, frente ao fadado “aquecimento global”. Ainda ressaltou que o “ciclo da água foi quebrado, ecossistemas foram destruídos e lençóis freáticos contaminados” — fonte retirada da própria ONU.
Comecemos pelas palavras escolhidas. O termo insustentável já vem diretamente ligado à Agenda 2030, de forma que jogar essas palavras ao vento só servem para cumprir quesitos de suas metas, no caso, a número seis:
“6 – Água limpa e saneamento: assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos.”
Contudo, não há uma relação direta da forma como foi proferido o discurso e a descrição da meta elencada. O método da ONU é misturar um problema real e prometer uma solução, mas aplicar outra coisa no lugar. Se você questionar o pacote como um todo, será acusado de não defender que seja oferecida água limpa e saneamento para todos.
Para o leitor atento, a questão a ser levantada é: o que envolve a gestão sustentável da água? O que ela implica? Quais são as suas consequências? Estas são as perguntas corretas a serem realizadas. Note que surge um vazio enorme em qualquer coisa que esses burocratas queiram colocar. É um cheque em branco dado na mão de pessoas que sabemos que não estão lá para resolver coisa nenhuma, mas para criar mais controle sobre a humanidade — travestidos de bons moços e salvadores, pois advogam por uma causa justa: a do saneamento e água limpa. Este é o âmago da questão, e as pessoas já têm visto isto acontecer no quesito do âmbito climático pelo mundo e, agora, no Brasil.
Não é à toa que Guterres também envolve o tema da água com a fraude aquecimentista. Para ele, o “aquecimento global” faz com que a água evapore. Meu Deus! Evapore e vá para onde? Para a Lua? Quando ele fala que o homem quebrou o ciclo hidrológico, realmente fico imaginando como que conseguimos acabar ou interferir em fluxos colossais de massa e energia que envolvem o ciclo citado. Água é trocada entre oceanos e atmosfera de forma gigantesca. Uma fração daquela é deslocada para os continentes através da atmosfera e vai precipitar em forma de água líquida ou neve, contribuindo para carregar as bacias hidrográficas. Há ciclos que envolvem esse processo, em que eles aceleram ou retardam o carregamento com o passar do tempo. E muitos deles são desconhecidos ou pouco estudados. Não podemos fazer uma afirmação como a feita pelo secretário-geral da ONU. Mesmo represas ou barragens não interrompem ciclos. São como capacitores elétricos, carregam-se por um tempo (muito curto na escala planetária), mas, logo a seguir, estes pequeníssimos ciclos controlados precisam extravasar — tanto para aliviar a carga da própria barragem (vertedouros) quanto para cumprir a sua função primordial (gerar energia, por exemplo).
Se lugares “secam”, é porque entraram no seu período de maior intervalo temporal de recuperação hídrica. Este foi o mote da reunião citada em sua fala, realizada com apoio da ONU quase 50 anos antes. Isso preparou o terreno para a execução do encontro que se seguiria na África, pela resolução 3.337 (dez/1974). No ano de 1977, em Nairóbi, no Quênia, Leste da África Central, cientistas se reuniram na Conferência Internacional sobre a Desertificação porque estavam preocupados com o suposto aumento dos desertos — em especial, a área que envolvia boa parte do Sahel, ao sul do Saara. Essa reunião auxiliou a elaborar conceitos importantes, como o de seca — aprimorado depois, em 1986, pela Organização Meteorológica Mundial, e o de desertificação. No entanto, também abriu espaço para o emprego desproposital de outras bobagens, como o peso climático dado para a evapotranspiração, como fez Schneider, no mesmo ano. Tais idealizações ainda hoje necessitam de metodologia universalmente aceita, que envolva sua amplitude conceitual — como bem definia o Professor Doutor José Bueno Conti, geógrafo e climatologista. Ele é um dos poucos especialistas do tema no Brasil.
Na época, amadureceu-se o conceito de área nuclear do deserto e de sua área periférica. A área nuclear é definida como a que atingiu o seu Clímax Climático (Climáximo). Ele é praticamente imutável, envolvido em escalas temporais enormes, em que as condições permanentes e repetidas da atmosfera sobre o determinado lugar contribuíram para estabelecer os outros parâmetros do estrato geográfico que ali persistem. Já á área periférica estaria envolvida em um processo. Nesse caso, a ação meteorológica é envolvida, por exemplo, no suprimento e transporte de água para a região. Como essa ação é variável, tanto em curto intervalo de tempo quanto em longo, observou-se que havia a necessidade de se criar um arcabouço de dados para contribuir com o conhecimento climático de determinada região. E, portanto, entender e definir se essa mesma área estaria a passar pelo processo de desertificação — que, teoricamente, ampliaria a área do deserto.
Devemos lembrar que, no período citado (os anos de 1970), a Terra passava por um período de leve resfriamento — lembrando ao leitor que, só no século 20, tivemos dois períodos de leve aquecimento e resfriamento, segundo os dados de regiões sensíveis do Hemisfério Norte. Assim sendo, com o resfriamento, o ciclo hidrológico tende a diminuir as suas transferências entre os diversos sub-sistemas do planeta. Além disto, com o advento das câmeras fotográficas e dos imageadores embarcados nos satélites meteorológicos, descobriu-se que era a ação da Zona de Convergência Inter-tropical – ZCIT que interferia nos totais pluviométricos da região do Sahel. Isso porque sua influência ficou mais ao sul desta área do planeta. Com a chegada dos anos de 1980, as séries de dados mostraram que a ZCIT avançara sobre essa região, aumentando a quantidade de chuvas que ajudou a restabelecer a vegetação típica da área. Em outras palavras, pela primeira vez, entendemos e registramos que, além da já conhecida oscilação sazonal da ZCIT para o norte e para o sul, havia também outro período em que ela retraia ou avançava um pouco mais. Isto faz toda a diferença quando se trata de 50 a 100 quilômetros a mais, pois resultam em alguns milhares de quilômetros quadrados agraciados com mais precipitação — o Sahel é estimado em ter uma área de 3 milhões de quilômetros quadrados. Assim sendo, qualquer variação na largura deste perímetro representa uma área significativa.
O relato permitiu retratar um feito que é milenar, pois envolve significativa população que não é nômade apenas por escolha, mas que se desloca seguindo as condições mais favoráveis da região — estabelecidas pelos totais pluviométricos da também “nômade” ação da ZCIT. Isso não é “exclusividade” dos tempos atuais do terror propagado das “mudanças climáticas antropogênicas”. Lamentável desconsiderarem esse fato.
De qualquer forma, a conferência de 1977 foi a primeira tentativa de se criar um painel aos moldes do IPCC, o painel do clima, mas não logrou na época. Ao que parece, com o alarmismo feito por Guterres, a ONU pretende estabelecer algo parecido. Em especial, na tentativa em realizar acordos vinculantes, como o famigerado Acordo de Paris (2015/2016) e o recém lançado pelo IPBES — o Painel da Biodiversidade (dez/2022), que pretende recuperar 100% de vastas áreas ocupadas pelo homem em suas atividades nos próximos anos, deixando a humanidade à mercê destas consequências, celebradas em leis absurdas e abusivas que quebram todos os princípios (morais e divinos). Já devemos nos precaver, e aqui lança-se o aviso, pois diversas áreas agrícolas e de atividades humanas serão fechadas “pelo bem comum”, com a finalidade de se “salvar a mãe Gaia”.
Há muitas diferenças que ainda precisam de ampla discussão, mas que apenas serão elencadas aqui. Entre elas, deve-se separar o que de fato é usufruído do recurso hídrico; os problemas de saneamento; o que é água bruta e água potável; as regiões naturais e seus recursos hídricos próprios; o manuseio da água; as formas e tecnologias envolvidas na obtenção; prioridades; e muito mais. É inadmissível aceitar que o secretário-geral coloque o todo dentro no mesmo formato, simplesmente dizendo que tudo está alterado e pior, contaminado! Isto não tem respaldo científico.
Findamos dizendo que esse culto ao planeta é bem demonstrado por Guterres, quando afirma que a humanidade está a agir como vampiros, fazendo alusão que somos um pária para o planeta, sugando-o em seus veios vitais de um ilusório “planeta vivo”. Continuamos chamando a atenção para o discurso desta gente e para quem eles servem. Certamente, não é para o bem na humanidade.