Lula admite que começou a governar o país antes de ser empossado
Durante sua participação na 84ª reunião da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que começou a governar o Brasil antes mesmo de tomar posse em 1° de janeiro. O petista se referia à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Gastança, que foi aprovada no Congresso Nacional em 21 de dezembro de 2022.
“Foi a primeira vez que alguém começou a governar antes de iniciar o governo”, disse o presidente nesta terça-feira, 14. “A PEC (da Gastança) é a prova. Os senadores nos ajudaram a aprovar uma PEC que nos permitiu pagar o Bolsa Família.”
Aprovada com 63 votos a favor e 11 contra, a PEC autorizou o novo governo a deixar o valor de R$ 145 bilhões do Orçamento de 2023 fora do teto de gastos. Esses recursos devem ser utilizados para bancar despesas com o Bolsa Família, o Auxílio Gás, a Farmácia Popular, entre outras.
No evento com prefeitos, Lula foi recebido com aplausos e assovios pela plateia. O petista ainda aproveitou a oportunidade para atacar ao ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmando que ele próprio foi o único presidente da história da República que tratou os prefeitos com mais “respeito”.
“Estamos voltando a governar esse país”, declarou o petista. “Em 2010, imaginava que quando o Brasil completasse 200 anos de independência, seriamos a terceira economia do mundo, mas nós recuamos.”
Lula aproveitou o evento para pedir terrenos abandonados aos prefeitos. “Tudo que estiver abandonado vamos tentar utilizar para transformar em moradia decente para as pessoas mais humildes”, explicou o petista.
O presidente ainda disse que solicitou à ministra Simone Tebet, do Planejamento, um mapeamento de todos os terrenos públicos que estão abandonados a fim de construir residências para a população mais pobre.
“Encontramos esse país com 186 mil casas paralisadas”, declarou Lula, atacando, mais uma vez, Bolsonaro. “São casas do tempo da Dilma e dos meus governos anteriores. Estou viajando o Brasil para inaugurar casas que começamos a construir em 2003.”
O discurso do petista foi repleto das promessas que fazia durante a campanha eleitoral, como: construir mais escolas técnicas, faculdades e escolas em tempo integral. “Esse povo precisa deixar o ódio na lata do lixo e vir para a rua com esperança”, continuou. “Vamos trabalhar mais neste mandato do que nos anteriores.”
Então, o petista se dirigiu especialmente aos prefeitos dizendo que não se importava com qual era o partido deles, mas que iria considerá-los como se eles fossem do PT. “Não quero saber de qual partido vocês são, ou para qual time torcem e nem da religião de vocês. Mas sei que representam o povo que votaram em vocês. Por isso, vou considerá-los como se fossem do meu partido”, explicou.
Por fim, Lula revelou que se considerava um político com “P” maiúsculo. “Gosto de ser presidente e gosto dos políticos”, declarou. “Tem gente que fala que político é tudo ladrão, mas eles estão a cada quatro anos nas ruas colocando a cara a tapa. Eu poderia estar em casa curtindo a vida de casado, mas resolvi governar o país.”
O presidente reeleito da FNP, Edvaldo Nogueira (PDT), prefeito de Aracaju, aproveitou a presença de Lula no evento para tecer elogios ao petista. “O senhor é o presidente de todos nós”, afirmou. “A esperança foi garantida quando o senhor foi eleito presidente da República.”
Nogueira ainda criticou Bolsonaro e o comparou a Lula. “Ficamos quatro anos sem ser recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro”, disse o pedetista. “Durante quatro anos, o sol ficou apagado em nosso país, mas agora o sol da justiça enche os corações dos prefeitos brasileiros.”
Estavam presentes no evento os ministros Rui Costa (Casa Civil), Nísia Verônica Trindade (Saúde), Waldez Goés (Integração e do Desenvolvimento Nacional), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e o secretário-geral da Presidência, Márcio Macedo.