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‘NYT’: entre luxos e crianças famintas, a Venezuela segue em frangalhos


Reportagem do New York Times mostrou nesta semana que, em Caracas, capital da Venezuela, onde a revolução socialista prometeu igualdade e o fim da burguesia, há lojas que vendem roupas e acessórios da marca Prada e uma televisão de 110 polegadas por US$ 115 mil. Próximo a esta loja, foi inaugurada uma concessionária da Ferrari, ao lado de um restaurante que atende à elite venezuelana. Entre luxos e crianças famintas, a Venezuela segue em frangalhos.

A economia da Venezuela implodiu há quase uma década, causando uma das maiores crises humanitárias do mundo. Com a fome e a alta mortalidade, principalmente infantil, os venezuelanos empreenderam uma das maiores migrações da história moderna da América Latina.

Agora há sinais de que o país está se estabelecendo em uma nova e desorientadora normalidade, com produtos de uso diário facilmente disponíveis, a pobreza começando a diminuir, mas crianças famintas ainda são a maioria na Venezuela. Apenas a elite empresarial foi beneficiada.

Apesar do novo slogan do governo Maduro — “Venezuela está consertada” —, muitos ainda sobrevivem com o equivalente a apenas alguns dólares por dia, enquanto funcionários do setor público vão às ruas para protestar contra os baixos salários.

“Tenho que dar cambalhotas”, disse María Rodríguez, analista de laboratório médico. Ela conta que, para pagar a alimentação e a escola da filha, ela dependia de dois empregos e um negócio paralelo, que vende produtos de beleza, e dinheiro de seus parentes.

A economia venezuelana está melhorando porque, em 2022, o governo Biden diminuiu as sanções contra o país comunista. A decisão se deu devido ao conflito entre a Ucrânia e a Rússia, que encareceu o petróleo.

O governo norte-americano, na ocasião, admitiu publicamente que o petróleo venezuelano pode ser útil num mercado internacional com preços elevados e contexto de forte inflação nos Estados Unidos, devido, em grande medida, ao aumento dos preços dos combustíveis.

Segundo o New York Times, mesmo com a melhora, as condições permanecem terríveis para uma grande parte da população. Embora a hiperinflação, que paralisou a economia, tenha diminuído, os preços ainda triplicam anualmente, e estão entre os piores índices do mundo.

Como resultado, a Venezuela é cada vez mais um país de ricos e pobres e uma das sociedades mais desiguais do mundo, conforme a Encovi, que realizou uma pesquisa nacional com o respeitado Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da Universidade Católica Andrés Bello, em Caracas.

Os pesquisadores também descobriram que os venezuelanos no topo da escala social eram 70 vezes mais ricos do que os mais pobres, colocando o país no mesmo nível de alguns países da África, que têm as maiores taxas de desigualdade do mundo.


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