Tarcísio sobre o governo Lula: ‘Lua de mel tem dia e hora para acabar’
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, acredita que a lua de mel entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e os eleitores “tem dia e hora para acabar”. Conforme o chefe do Executivo estadual, a população fez uma aposta e espera por resultados.
“De repente, existia quem estivesse chateado com o governo de Jair Bolsonaro e fez aposta numa mudança esperando alguma coisa”, disse o governador em entrevista ao programa Direto ao Ponto, da Jovem Pan, na segunda-feira 20. “E se alguma coisa não acontecer, eles vão perdendo credibilidade”, acrescentou, se referindo a condução econômica do país pelo governo federal.
Tarcísio ainda explicou que a população vai cobrar resultados concretos do governo Lula.
“Eu vejo que é um governo que vai ficar cada vez mais ansioso. ‘Não está crescendo, a inflação está subindo, o emprego que a gente vinha melhorando, começou a piorar’, a gente chegou a bater 7,9% de desemprego, já está em 8,4%. Então, essa lua de mel tem dia e hora para acabar.”
O governador também avaliou a falta de uma base governista consistente para possibilitar a aprovação de reformas importantes no Congresso.
“O governo não tem maioria política, fez uma grande distribuição de cargos, distribuiu um monte de ministério e você não tem maioria, não tem uma base”, observou. “Está confuso, desestruturado, então eu vejo um cenário de dificuldade para aprovar reformas importantes, para mediar conflitos com o Congresso, para entregar os resultados que são importantes”, acrescentou.
Ainda segundo ele, essa instabilidade vai prejudicar a mobilização de investimentos para o país. Ele acredita que se não houver o mínimo de estabilidade financeira, o país não terá efetividade em termos de política pública.
O governador acredita que os Estados farão o contraponto ao governo federal e citou como exemplo São Paulo e Minas Gerais. “Estamos criando um ambiente propício de investimentos.”
O governador também defendeu a privatização do Porto de Santos e admitiu que há uma visão divergente. “Estamos procurando mostrar o porquê de a gente defender a privatização.” O principal entrave é o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, que já disse ser contrário ao projeto.
“É a única forma de mobilizar uma quantidade muito grande de recursos em pouco tempo. Isso significa prosperidade ou pobreza, significa abrir postos de trabalho, mobilizar a área industrial de Cubatão, que ficou abandonada, aprofundar o canal, aproveitamento do turismo e obras de mobilidade” para a região.
Conforme ele, a falta de investimentos, que seria possível por meio da privatização, vai diminuir a competitividade do Porto de Santos e diminuir o protagonismo no país. “Não dá para perder tempo, a gente tem uma grande oportunidade na mão de mobilizar uma quantidade muito grande de recursos e gerar milhares de empregos, do contrário a gente vai condenar a baixada santista a pobreza”, argumentou.
Sobre a cracolândia, o governador admitiu que é um dos problemas mais complexos que existe hoje em São Paulo. Ainda conforme ele, só será possível resolver isso alinhando uma série de políticas públicas que já estão em curso. Segundo Tarcísio, o projeto está na fase de operacionalização.
“E tem uma questão que é fundamental que permeia todas as outras que é a revitalização do centro”, disse.
Segundo Tarcísio, além das outras frentes para o combate ao tráfico e de apoio ao usuário de drogas, o governo defende a criação do centro administrativo na região central. “Por isso nasceu o projeto” da criação da sede do governo na região dos Campos Elíseos.
“A gente está falando de um pacote de medidas: comunidade terapêutica, centro de combate às drogas, clínica de reabilitação, clínica de longa permanência, campo para trabalho e tem aquele que vou ter que internar compulsoriamente”, observou. “Porque ele perdeu o livre arbítrio, perdeu a capacidade de decisão. Não sei onde a família está, e ele está ali completamente vulnerável. Para proteger a vida dele, vou ter que entrar com a internação compulsória”, explicou o governador.