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Assassinato de blogueiro pró-Kremlin mostra resistência a Putin na Rússia


O blogueiro militar Vladlen Tartarsky, que tinha mais de 560 mil seguidores no Telegram e dava forte apoio a Moscou na guerra da Ucrânia, foi morto, em decorrência de uma bomba em um café em São Petersburgo, no domingo 2. O atentado evidencia uma resistência a Putin dentro da Rússia.

Vladlen Tartarsky era um pseudônimo de Maxim Fomin, que nasceu em Donestsk, república separatista ao leste da Ucrânia, onde esteve preso por assalto a banco.

Lukas Albin, diretor de pesquisa do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (Iris), explicou que Tatarsky fugiu da prisão em 2014 e ganhou espaço na mídia pró-russa, se tornando alvo fácil dos desafetos do Kremlin.

“Em 2014, após a anexação da Crimeia, ele fugiu da prisão e passou a ter espaço na mídia russa, e se tornou um blogueiro militar que difundia informações pró-Moscou nas regiões separatistas e na Rússia”, disse Albin.

Nesta segunda-feira, 3, a Rússia acusou a Ucrânia de ter organizado o atentado que matou o famoso blogueiro, com a cumplicidade de apoiadores do opositor russo detido Alexei Navalny.

“Foi estabelecido que o ato terrorista cometido em 2 de abril em São Petersburgo (…) foi planejado pelos serviços especiais ucranianos, que recrutaram agentes entre os que colaboram com o chamado Fundo Anticorrupção Navalny”, afirmou o comitê antiterrorismo russo, citando o nome da principal suspeita detida, Daria Trepova. Ela estava numa lista de pessoas procuradas por Moscou.

Um funcionário da Presidência ucraniana, Mykhaïlo Podoliak, negou, por meio do Twitter, qualquer envolvimento no caso, acreditando que se tratava de “terrorismo interno”, devido a rivalidades no regime russo.

A polícia russa divulgou um vídeo em que Daria Trepova admite ter levado ao evento uma estatueta com uma bomba escondida, cuja explosão causou a morte do blogueiro militar. Em 2022, a jovem já havia passado dez dias presa por protestar contra a ofensiva russa na Ucrânia. O ataque deixou 32 pessoas feridas, oito delas em estado grave.

Especialista ouvido pela agência de notícias RFI afirma que o episódio demonstra “a presença de uma resistência ao regime de Vladimir Putin dentro da Rússia”.


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