Em carta inédita, Einstein fala sobre ‘supersentido’ animal
Ao lado de Newton, Einstein é um dos principais — se não o principal — cientista com status de celebridade da história da ciência. O Nobel de Física, no entanto, não contribuiu somente com a Teoria da Relatividade. Numa carta datilografada pelo cientista, Einstein discute sobre a possibilidade de animais terem “supersentidos”.
A carta escrita à máquina traz a data de 18 de outubro de 1949 — seis anos antes da morte do cientista — e tem como destinatário um tal de Glyn Davys, um engenheiro pesquisador na área de tecnologia de radar. A pergunta original de Davys, que deu início à correspondência, foi perdida; mas, a julgar pela resposta de Einstein, a questão girava em torno da percepção animal do mundo físico.
Num trecho da carta, Einstein diz: “É possível que a investigação do comportamento das aves migratórias e dos pombos-correios possa algum dia levar à compreensão de algum processo físico que ainda não é conhecido”. Hoje, passados mais de 70 anos, sabemos que o palpite de Einstein estava correto. Há evidências que atestam que os pássaros podem “sentir” o campo magnético da Terra, por meio de fotorreceptores em seus olhos, sensíveis às mudanças sutis no campo magnético da Terra. Esse é o segredo da migração, sempre bem-sucedida, das aves.
A carta foi doada em 2021 para a Universidade Hebraica de Jerusalém, os pesquisadores da instituição disseram: “É incrível que Einstein concebeu essa possibilidade décadas antes de evidências empíricas revelarem que vários animais podem de fato perceber campos magnéticos e usar essas informações para navegação”. À época da redação da carta, as ciências físicas e biológicas estavam começando a se fundir; a ecolocalização dos morcegos havia sido descoberta recentemente e a tecnologia de radar estava começando a criar raízes. O artigo completo foi publicado no Journal of Comparative Physiology.