PM investe em ‘drones’ para monitorar São Paulo do alto
Uma operação do Departamento Estadual de Investigações Criminais na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo, era um tanto arriscada. Os policiais estavam à procura de um traficante que comandava o tráfico na região e usava um prédio como esconderijo. O problema é que o imóvel de quatro andares fica numa viela de difícil acesso e com diversos pontos de fuga. Entrar na área com viaturas sem chamar a atenção era impossível. Então, os investigadores acionaram o Serviço Aerotático (SAT) da Divisão de Operações Especiais (DOE) da Polícia Civil. A divisão entrou em cena. Os policiais utilizaram um dos drones a serviço do SAT para fazer o mapeamento da comunidade.
Um dia antes, os agentes realizaram a incursão na região e com o uso do drone — de maneira discreta e sem chamar a atenção — identificaram os pontos de fuga e mapearam o acesso à comunidade. As imagens também serviram para justificar à Justiça a expedição do mandado de busca no local.
Com as informações exatas fornecidas a partir do levantamento realizado com o drone, os policiais deflagraram a operação no dia seguinte. Na ação, o equipamento sobrevoou a área e ainda serviu de apoio para monitorar a fuga do traficante. No entanto, o bandido não foi longe. Os policiais pegaram o criminoso em uma das rotas indicada pelo veículo aéreo. Essa ação, afirmam os policiais, seria inviável sem o apoio do drone no planejamento e execução da operação.
A unidade de drone da PC paulista é recente. Foi criada em 2019 e fica estabelecida no hangar do SAT, no aeroporto de Campo de Marte, na zona norte da capital. Contudo, foi apenas em 2021 que o serviço recebeu sua primeira grande aquisição de veículos aéreos não tripulados dedicados a operações policiais. Atualmente, o SAT conta com 20 drones equipados para diferentes necessidades. Os equipamentos são empregados de acordo com a solicitação dos investigadores. Diariamente, a divisão é requisitada para que os policiais se desloquem para outras regiões de São Paulo.
Um dos drones mais recentes é equipado com lanterna, câmera térmica — que ajuda na identificação por meio da temperatura corporal —, imagem com aproximação de 32 vezes e autonomia de 30 minutos com cada bateria. Tudo isso pode ser executado a uma velocidade de até 72 quilômetros por hora a uma altitude de pelo menos 120 metros — distância limitada pela legislação para não interferir no tráfego aéreo.
O veículo aéreo não tripulado é mais uma ferramenta que auxilia nas investigações e outras ações policiais. A alta tecnologia tem ajudado a otimizar o trabalho, além de economizar tempo e recursos.
“Ele é a perspectiva de uma plataforma aérea, uma câmera que voa apoiando nas operações policiais em todo o Estado”, diz o delegado Clemente Calvo Castilhone Júnior, da Divisão de Operações Especiais. Ainda de acordo com ele, já foram realizadas 54 missões entre levantamentos e apoio policial com o uso de drones.
Além de acompanhar as ações em tempo real, o drone auxilia em um levantamento de inteligência que, com o helicóptero, se tornaria bem mais difícil devido a suas características, como o tamanho e barulho. “Um drone à distância é furtivo. Pelo seu tamanho, o suspeito não vê e não ouve”, afirma.
Contudo, o delegado Luis Ricardo Kojo explica que o uso dos drones não vai aposentar o Pelicano, helicóptero da Polícia Civil.
Recentemente, em Santos, no litoral paulista, uma operação contou com o emprego das duas aeronaves. “O drone monitorou o suspeito e flagrou a fuga, acompanhando o indivíduo. Pelas imagens, o piloto passou as coordenadas para o helicóptero que deu apoio para efetuar a prisão”, conta o investigador do SAT Marcos Pessoa.
“Há casos em que precisamos coordenar uma ação com o helicóptero e o drone, um acaba complementando o outro”, afirma Kojo. “O drone libera o helicóptero para outras ações”, ressalta Castilhone.
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