A Argentina caminha para uma inflação anual recorde em 2022. Segundo o Banco Central (BC) do país, as estimativas apontam para uma inflação beirando os 95%, de acordo com uma pesquisa mensal publicada na última sexta-feira 9.
A nova previsão para a variação no Índice de Preços ao Consumidor é 4,8 pontos porcentuais superior à estimativa do mês anterior. A terceira maior economia da América Latina sofre há muito tempo com a alta dos preços.
O problema inflacionário no país já é considerado crônico. Segundo o economista Roberto Dumas, a situação foi agravada pelo choque de oferta com a guerra na Ucrânia, que impactou nos preços de fertilizantes e do gás natural.
“A Argentina tem um problema crasso. Quer fazer um populismo inócuo. Outros países também já tentaram. Tentar trazer as benesses, fazer política fiscal expansionista sem ter dinheiro”, afirmou Dumas em entrevista à CNN Brasil.
O economista lembrou ainda que o superministro da Economia, Sergio Massa, sinalizou que não iria mais pedir para o BC imprimir mais moeda.
“Mesmo tendo o Sergio Massa — num jogo político entre o presidente e a vice-presidente do país para amenizar a crise institucional — isso não alegrou muito a população do país, que continua indo para o dólar e desistindo da própria moeda. E aí essa moeda deprecia ainda mais e gera inflação.”
Os analistas consultados pelo BC da Argentina acreditam que até o próximo ano, a taxa de inflação anual do país sul-americano deve chegar a 84%, e cair para 63% em 2024, segundo a pesquisa.
“Com inflação perto de 100%, difícil controlar com juros. É hora de o governo entender que o peso não vale mais o que valia e que a população não crê mais na política monetária do país”, concluiu Dumas.