O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que conseguiu decisão favorável do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para proibir postagens sobre sua relação com o ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, disse, no debate da noite de domingo 16, na Band, que sentiu orgulho de participar do primeiro aniversário da Revolução Sandinista, liderada por Ortega, em 1979, quando assumiu seu primeiro mandato.
“Eu senti muito orgulho de, no dia 19 de julho de 1980, participar da comemoração do aniversário da Revolução Sandinista, em que derrubaram um ditador chamado Somoza, de 30 anos”, declarou Lula, ao ser questionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, sobre sua amizade com Ortega.
“Ortega é teu amigo ou não?”, perguntou Bolsonaro. “Ele está lá prendendo padres e expulsando freiras, fechando canais de TV, como a CNN, de TV e rádio católica. Ele acabou de proibir a comemoração do Dia da Bíblia, proibiu procissões, fechou o país, um desrespeito com as religiões, e você o trata como amigo?”, questionou Bolsonaro.
Depois do primeiro turno, o ditador enviou carta a Lula, parabenizando-o pelo resultado e chamando-o de companheiro.
O petista, no entanto, recusou-se a responder sobre sua relação com o ditador, que está no cargo desde 2007, depois de ficar 11 anos (1979 a 1990). “Agora, o regime político da Nicarágua é uma coisa que depende deles, e o Daniel Ortega sabe, você sabe, o Chávez sabe, todo mundo sabe, que se eu quisesse acreditar em mandato perpétuo, eu teria feito o terceiro mandato quando me propuseram”, declarou Lula. “Então, se o Daniel Ortega está errando, o povo da Nicarágua que puna o Daniel Ortega, se o Maduro está errando, o povo que puna; porque você, quem vai punir é o povo brasileiro, dia 30 de outubro.”
Em 5 outubro, o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, do TSE, determinou que o Twitter e o Facebook removam 31 postagens que informam sobre o apoio de Lula ao ditador Daniel Ortega, incluindo uma postagem do jornal paranaense Gazeta do Povo. Em 12 de outubro, a coligação de Lula voltou ao TSE para fazer novo pedido de censura contra a Gazeta, que noticiava com fatos históricos a relação entre Lula e Ortega. O pedido ainda não foi analisado.