Caso Moro: os detalhes da investigação da PF sobre o PCC
O delegado Martin Bottaro Purper, da Polícia Federal (PF), detalhou em 83 páginas o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) de assassinar o senador Sergio Moro (União-PR). O documento mostra que a facção criminosa montou uma estrutura sofisticada para concluir seu objetivo, com investimento maciço nos participantes da trama. Imóveis, carros e armamentos estão na lista dos benefícios concedidos aos bandidos.
A investigação teve início depois de uma testemunha procurar o Ministério Público Federal (MPF) e alegar que havia um plano de atentado contra Moro. Essas informações levaram à instauração de um inquérito policial, que teria o objetivo de aprofundar a investigação.
Trocas de e-mail, mensagens de WhatsApp e telefonemas confirmaram a intenção dos criminosos de atacar o ex-juiz. Um núcleo específico do PCC, chamado Restrita, seria o responsável pela operação.
Uma das imagens divulgadas pela PF mostra Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, pedindo que Aline de Lima Paixão salve alguns códigos no celular dela. “Para não esquecer”, justificou o criminoso. “Flamengo” é o código para “sequestro”, “Fluminense” é o código para “ação”, “Tokyo” é o código para “Moro” e “México” é o código para “Mato Grosso do Sul”.
Outra imagem obtida pela PF mostra os integrantes da quadrilha. Trata-se de um print screen enviado por Nefo a Aline Paixão.
A investigação detalhou as despesas dos bandidos com material, viagens, veículos, combustíveis e aluguéis. Esses gastos ocorreram especificamente no Estado do Paraná — onde vive o ex-juiz da Lava Jato. Os criminosos alugaram apartamentos, casas e chácaras próximos à residência e ao escritório de advocacia da família de Moro. O dinheiro para financiar o atentado é do tráfico de drogas, de acordo com a investigação.
Aline Ardnt Ferri, uma das integrantes do plano, fez análises minuciosas sobre Moro e seus familiares. O resultado da pesquisa está numa página de caderno e em aplicativos de mensagens de celular.
O plano teve início em setembro do ano passado, no período eleitoral. Por estar disputando uma vaga no Senado, Moro teve direito a escolta por 180 dias. Esse prazo se encerrou 24 de outubro de 2022. A partir daquele dia, haveria oportunidades para a ação dos criminosos.
Para não serem descobertos, os bandidos trocaram de telefones quase semanalmente. Essa prática evitaria possíveis interceptações telefônicas.
Quem é Nefo
Segundo a PF, o alto poder aquisitivo de Nefo mostra que o criminoso está no topo da pirâmide do PCC. “Em regra, todos os demais cometem crimes para sustentar os líderes, sem aumento de volume patrimonial”, diz um trecho da investigação. Nefo e Aline Paixão utilizam constantemente os nomes de outras pessoas para registrar seus bens. O objetivo é não serem identificados.
Quem é Forjado
Patrick Uelinton Salomão, o Forjado, aparece na imagem com outros quatro integrantes da facção criminosa. A PF identificou diversos contatos dele com os outros participantes do plano contra Moro.
Quem é Valter Lima Nascimento
Valter Lima Nascimento, o Guinho, também aparece na imagem com outros quatro integrantes do PCC. A Polícia Federal acredita que Guinho é um dos principais homens da cúpula organizacional da facção criminosa.
Quem é Reginaldo de Oliveira Sousa