Agências de checagem veem politização em ação de Lula contra ‘fake news’
As agências de checagem de fatos acusam o governo Lula de “apropriação indevida” e “politização do combate à desinformação” em ação contra fake news, como o site BrasilContraFake, supostamente de checagem de fatos, lançado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência, no sábado 25. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
Lula caracterizou a iniciativa como uma “plataforma de checagem de informações e combate à desinformação”, em um tuíte, no domingo 26.
“O Brasil sofreu muito com mentiras nas redes sociais nos últimos anos. Precisamos fortalecer uma rede de verdade. O @govbr lançou nesta semana uma plataforma de checagem de informações e combate à desinformação.”
Para as agências, não existe checagem de fatos feita pelo governo, porque o processo necessariamente precisa ser independente e apartidário.
Além disso, segundo os checadores, o site não segue os princípios básicos de checagem, como indicar de onde foram retiradas as informações usadas nas checagens e qual é a metodologia usada para determinar a veracidade, além de ter transparência no processo de escolha do conteúdo que será verificado.
Segundo a reportagem, a Agência Lupa diz que alguns conteúdos verificados são, na realidade, notas de esclarecimento do governo.
De acordo com a Lupa, em uma publicação sobre o aumento do desmatamento em fevereiro, o governo confirma que os dados são verdadeiros (sem apresentar nenhum link para as bases de dados relevantes sobre o tema), mas informa que “políticas públicas ambientais são marcadas pela efetividade a médio e longo prazo, e não imediata”.
“Isso não é checagem de fatos, é assessoria de comunicação do governo”, diz Daniel Bramatti, editor do Estadão Verifica, à Folha. “O governo tem o direito de esclarecer informações erradas sobre políticas públicas, mas isso não é checagem, não queremos uma Fakebras, uma visão estatal sobre o que é fato e o que não é.”
“É contraditório para um governo que tem tratado o combate à desinformação como prioridade fazer essa politização do combate à desinformação”, diz Natália Leal, diretora-executiva da Lupa.
Paulo Pimenta, ministro da Secom, disse à reportagem que a intenção da plataforma nunca foi ser uma agência de checagem de fatos nem concorrer com os checadores. “Estamos apenas reunindo esclarecimentos de informações falsas sobre diversos ministérios e medidas do governo. Não fazemos checagem, até porque somos governo, não somos isentos.”